Vamos lá então a essa grande, emocionante e dolorosa jornada que durou 1 dia da minha vida...
Era 04 de abril, segunda-feira...
Acordei movida a fortes cólicas as 2:30 da manhã. Fui ao banheiro, voltei para a cama, pensando ser mais um dos episódios de cólicas e contrações de treinamento do final da gravidez.
As 5:30 tive certeza de que não eram. Hoje seria o grande dia! Lábios, mãos, rosto e pernas totalmente inchados. Como minha aparência poderia ter mudado tão rápido em poucas horas? A certeza se multiplicava conforme a dor aumentava, não era apenas a barriga que doía e enrijecia, a lombar toda também, como se mãos puxassem meus ossos separando-os do centro para fora. Não conseguia voltar para a cama, não conseguia parar quieta. De um lado para o outro no quarto resolvi acordar meu esposo dizendo: - É hoje!
Ele se levantou assustado, porém não o apressei, sabia que não gostaria de chegar á maternidade com pouca dilatação e eles mandarem eu de volta para casa, então em meios as primeiras fortes dores tomei meu banho, deixei que ele fizesse o mesmo, nos ajeitamos com calma e fomos para o hospital.
Esta é minha cara no caminho para a maternidade, já da para imaginar pela expressão...rsrs
7:00 da manhã, andando de pernas abertas, lá estava eu com minha malinha nas mãos, sendo internada com 36 semanas e 5 dias de gestação e 4 dedos de dilatação.
Entravam mulheres na sala de pré parto, gritando, outras calmas, outra dando a luz ao meu lado mesmo e eu com dores insuportáveis, sem medicação e nada do Vicente nascer.
Chegada a hora do almoço, não queria ver comida, só vomitava de dores implorando por um Buscopan, pensando em quanto deveria ter me planejado para uma cesárea para não passar por aquilo. Não queria ver comida,não queria ver mais nada. Segurando nas mãos do meu marido, só queria que nosso filho nascesse.
Toques e mais toques e nada da dilatação aumentar, as enfermeiras mediam o tempo das contrações e me mandavam para o banheiro, para a famosa bola de Pilates. E lá ia eu fazer exercícios debaixo do chuveiro quente para amenizar a dor e ajudar na evolução do trabalho de parto...
As 13:30 a maternidade informou que não havia anestesista presente, Após ouvir comentários entre as enfermeiras de que meu colo do útero tem uma inclinação incomum, concluía-se de que meu caso era de cesariana. Fui encaminhada para outro hospital, para a maternidade do Hospital Evangélico, Mas por normas internas só poderia partir dali, levada por uma ambulância. Como é de costume, existe fila no Sus, até para ganhar bebê, então só as 17:30 vieram me transportar. Até aí, aguentei as dores suspirando e me achando incapaz de passar mais um minuto naquelas condições. Minha força era ouvir meu marido dizer: - É só hoje Be, pensa assim, amanhã, tudo estará bem novamente.
Chegando no outro hospital os procedimentos começaram do zero para minha angústia. Sala de pré parto, preenchimento de fichas, contagem de contração e dilatação, mulheres entrando e saindo e eu lá...Esperando meu Vicente nascer.
Por volta das sete da noite, uma médica muito boazinha me levou para a sala de parto e disse: -Vamos estourar sua bolsa. Para minha surpresa, pois pensava estar lá para fazer a cesárea. Tinha tantas dores que mesmo ao ver o tamanho do instrumento, mal senti o processo. Meu medo naquela hora era que meu filho nascesse em seguida e meu esposo não estava comigo naquele momento, pois continuava no andar do prédio onde se trabalha a parte burocrática da transferência de hospital.
Meu salvador naquele instante foi o pai da médica chegar, também obstetra, pediu para sua filha me transferir de quarto pois não gostava de fazer partos naquele que eu estava. Foi o tempo do meu marido voltar e então começou o processo que pensava eu, que teria acontecido, antes do sol sumir.
- Faz força, empurra!
Depois de apertões no braço da enfermeira, corte no períneo e dilatação que não aumentava, as contrações sumiram, como num passe de mágica. Foi então que entrou a Ocitocina e resgatou toooooda aquela dor em fração de segundos e sem forças para continuar a empurrar o médico decidiu usar da ultima alternativa antes de me levar para o centro cirúrgico. A ventosa.
Com esse extrator a vácuo, substituto do fórceps, auxiliou a retirada do meu filho de dentro de mim.
Dizem que quando a criança sai, as dores saem junto. Minha dor desapareceu na verdade quando, após aquela limpada básica no bebê, me entregaram ele nos braços. Olhar aqueles olhinhos, tocar aquele corpinho foi a coisa mais maravilhosa que aconteceu na minha vida!
Não senti placenta sair, não senti as próximas meia hora em que te costuram e colocam as coisas no lugar, Só sentia amor, ternura ao ver aquele pequenino se alimentar em mim, como se já nascesse sabendo...E já nasceu! Não ouve esforço algum para que ele mamasse, ao encosta-lo no meu peito, fez tão bem, como se já treinasse isso por anos...
E aqui estou eu, escrevendo e chorando...Naquele dia, conheci um amor sem igual!
Foi exatamente as 20:45 que meu marido cortou o cordão umbilical.Foi nessa exata hora que eu dei a luz. LUZ. Não há palavra melhor para descrever esse momento. Foi a luz aos olhos do Vicente e a luz da minha vida!
Pensava eu, após todo o sofrimento que não queria ter mais filhos por causa da dor. Passei a primeira semana chorando ao lembrar do trabalho de parto me sentindo com traços fortes de trauma. E aqui estou eu, grávida outra vez!
Sempre ouvi que nós mulheres temos a capacidade de esquecer dessa dor. Eu digo que não esqueci, mas que ter um filho e conhecer esse amor, nos capacita a enfrentar tudo de novo, quantas vezes forem necessárias, porque o sentimento de realização e plenitude ao ser mãe é mil vezes maior!
O Vicente e eu no hospital no outro dia pela manhã.
Conte para mim a sua experiência, envie um e-mail para biamerim@gmail.com e compartilharei aqui no blog para que as novas mamães possam entender melhor o porquê desse dia ser tão especial nas nossas vidas!
Espero que tenham gostado da minha história e do Vicente. Bjuss e até o próximo post! ;)
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